segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Por que sou contra o retorno do "mata-mata"



Com o justíssimo título do Fluminense conquistado com antecedência, começa a entrar em discussão novamente a volta do “mata-mata” como forma de disputa. O principal argumento é uma suposta emoção maior que esse tipo de competição trás.

Uma das grandes interessadas na volta desse modelo de disputa é a Rede Globo. É evidente que ela não está preocupada com o jogo em si, mas sim em ganhar mais audiência. No mata-mata, ela pode lucrar muito mais em anúncios e publicidade durante os jogos decisivos. Contudo, a CBF, organizadora do campeonato, deve, em tese, preocupar-se em organizar o melhor campeonato sem se importar com o que pensa a empresa de TV. 

De minha parte, considero a disputa por pontos corridos, senão a ideal, mais justa e mais interessante que o mata-mata. Eis os meus motivos:

Motivos pelo qual sou contra o mata-mata:

1) Injustiça com time mais regular: o time pode ter ido bem o campeonato inteiro e ter terminado a primeira fase com larga vantagem sobre o segundo colocado. Mas basta ir mal em apenas um jogo para todo planejamento e trabalho ser jogado no ralo. E ainda amargará alguns meses de férias antecipadas.

2) Facilita o "oba oba" dos clubes: o campeonato por pontos corridos obriga os clubes a se organizarem. É verdade que os clubes com mais dinheiro levam vantagem, mas isso pode ser diminuído com organização. Mas muito dirigente gosta de “oba oba”. Aí entra no mata-mata brigando para ficar em oitavo. Chega à última rodada em 12o com chance de ficar em oitavo. Não consegue e diz para seu torcedor que o trabalho foi bem feito e que chegou perto. Uma grande cara-de-pau!

3) Aumenta o poder de decisão/influência da arbitragem: é verdade que em pontos corridos há muitos jogos com erros de arbitragem. Mas nesse sistema são necessários vários e vários erros a favor de um clube e contra outro para serem decisivos na hora de apontar um campeão. No mata-mata não. Basta um ou dois jogos com uma má arbitragem colocar tudo a perder. Ou seja, o mata-mata potencializa e aumenta esse risco.

4) Critério técnico: nos moldes atuais, todos jogam contra todos duas vezes, atuando de visitante em um jogo e de mandante em outro. No mata-mata, na fase classificatória, isso não acontece. Fica muito mais fácil acontecer o caso de um time só enfrentar times complicados em casa e só sair para tarefas menos complicadas. Exemplo: Flamengo, Fluminense e Botafogo enfrentam o Grêmio no Rio e só o Vasco vai ao Olímpico jogar contra eles. Isso é um fato que desequilibra o campeonato.

5) Prejuízo financeiro: o clube que não se classifica para a fase decisiva do mata-mata fica 2 ou às vezes 3 meses de férias. Aí é obrigado a arrumar torneios paralelos para não deixar o time parado. 

6) Ter 2 campeonatos no mesmo molde: já temos a Copa do Brasil que é mata-mata. Para que ter outro campeonato nacional assim?

7) Janela de transferência: nos moldes atuais, a janela já prejudica, fazendo com que o time esteja diferente no segundo turno. Mas no mata-mata isso é pior! O time pode entrar na fase dos playoffs com a equipe modificada e ser eliminado rapidamente. Nos pontos corridos ainda há a possibilidade e tempo de se dar novo entrosamento.

8) Rebaixamento antecipado: o time tem 19 jogos para se manter na divisão em que está. Se demorar a encontrar seu esquema ideal, pode ser duramente penalizado por isso. Não veríamos arrancadas como as que fizeram Goiás, Cruzeiro e Fluminense.

Se o campeonato atual fosse no mata-mata e terminasse hoje, o Fluminense seria o primeiro colocado com 76 pontos. O Internacional seria o oitavo com 51 pontos. E pela fórmula de disputa, o Fluminense teria de jogar duas partidas contra o Internacional sem nenhuma vantagem, mesmo tendo feito uma campanha muito superior. Isso é realmente justo do ponto de vista do futebol praticado?

Muitos times, principalmente os do Nordeste, têm reclamado que na forma de disputa atual não tem chances de competir pelo título. Ora, mas é correto nivelar o campeonato por baixo por causa disso? Se esse nivelamento fosse feito, é provável que o investimento de grandes clubes diminuísse. Além disso, como já foi dito, a Copa do Brasil já resolve esse problema reclamado. Várias equipes ditas menores já venceram essa competição.

Enfim, a discussão ainda está devagar, mas existe. Seja qual for a decisão da CBF, seria bom que fosse tomada pensando apenas no que é melhor para o futebol brasileiro. E não no que terceiros ou dirigentes incompetentes desejam.

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