sábado, 18 de agosto de 2012

O esporte mais vitorioso do Brasil




No último domingo foram encerradas as Olimpíadas de Londres. Como de costume, o Brasil novamente não passou nem perto de disputar os primeiros lugares com potências olímpicas como EUA e China. Com isso, é comum vermos os telespectadores brasileiros chateados e reclamando do fato do país não obter nenhuma conquista. Houve casos inclusive de ofensas a atletas em seus perfis de rede sociais.

Bem, essa discussão é ampla. Embora o país tenha uma lei que destino recurso de impostos ao esporte, sabemos que o incentivo no Brasil não chega aos pés do que é feito em outros com melhores resultados. A população brasileira em geral parece saber disso, porém, não deixa de se chatear quando vê algumas medalhas (de ouro, principalmente) escaparem por entre os dedos. E aí surgem várias críticas como chamar atletas brasileiros de frouxos, amarelões ou até mesmo de fracos. Tudo dentro da tradicional “síndrome de vira-latas”. Não vou entrar no mérito de dizer se as críticas são justas ou não. Apenas digo que quem critica deve ter um pouco mais de critérios para criticar e não jogar todos os resultados no mesmo barco.

Na manhã do último dia da Olimpíada, o Brasil disputou a medalha de ouro masculino contra a Rússia. Após duas belas vitórias nos dois primeiros sets, a medalha de ouro parecia  questão de tempo. Contudo, o técnico russo ousou uma estratégia inesperada passando um central para ponteiro e deixando a seleção ainda mais alta. Foi para o tudo ou nada. O Brasil chegou a ter dois match points, mas acabou perdendo o set. E para piorar, no quarto set, um contundido Dante teve de dar lugar a um Giba completamente fora de forma. A Rússia se aproveitou disso e empatou o jogo. No tie-break, valeu o maior volume de jogo e momento dos russos, que levaram o merecido ouro.

Após isso o que se viu foram várias críticas à forma como o jogo foi perdido. O vôlei brasileiro amarelou, fraquejou, entregou de bandeja... Como se fosse apena mais uma modalidade esportiva onde o Brasil dá vexames. Ora, como eu disse anteriormente, antes de se fazer alguma crítica é necessário ter critérios e analisar os fatos.

Falando apenas dessa seleção, é nítido que ela está no meio de um trabalho de renovação. Alguns jogadores, como Wallace, ainda não tem muita experiência de seleção. E outros como Dante e Giba estão na fase de despedida. Como se isso não bastasse, ainda houve o fato de alguns atletas não irem para as Olimpíadas na sua melhor forma por estarem se recuperando de contusão. “Por que foram então?”, alguém poderia perguntar. Aí é uma decisão difícil para o treinador. Levar um bom jogador se recuperando de contusão ou levar um inteiro sem a menor experiência em Olimpíada? Não deve ser fácil decidir isso. Bastava ver a últma Liga Mundial para notar que o Brasil não estava totalmente inteiro. Até a disputa de medalhas parecia improvável. Entretanto, o grupo cresceu muito durante a competição. Fez bons jogos, atropelou a Itália na semifinal e chegou à disputa do ouro.

É preciso também reconhecer o mérito do adversário. A seleção russa sempre foi um adversário formidável e não foi a primeira vez que bateu o Brasil numa final. Quando venceu a Liga Mundial dentro do Mineirinho, enfrentou um Brasil até melhor do que o atual. Além disso, deve-se também exaltar a tática do treinador russo. Arriscou uma formação diferente justamente na final e deu certo! Palmas para ele! A torcida brasileira precisa aprender que o adversário também ganha. Não é só o Brasil que perde.

Falando agora do vôlei brasileiro de forma geral, é difícil apontar algum esporte brasileiro que seja mais vitorioso do que este. Na seleção masculina, nos últimos 11 anos foram conquistados 8 Ligas Mundiais, 3 Mundiais consecutivos, 1 Pan-Americano, 2 medalhas de prata e 1 de ouro nas Olimpíadas. Isso sem contar campeonatos menos expressivos como Copa América e Sul-Americano. Na seleção feminina, fora 5 Grand Prix, 1 Pan-Americano e 2 medalhas de ouro olímpicas. Nem mesmo o tão badalado futebol, paixão da maioria dos brasileiros, tem tantas conquistas assim.

E lembrem que estamos falando de um esporte que é vencedor simplesmente porque é organizado e que trabalha com seriedade. O Vôlei Brasileiro não tem nem um quarto da mídia que o futebol recebe e ainda por cima é boicotado comercialmente pela maior emissora do país. Boicotado? Sim, o vôlei é boicotado a partir do momento em que a emissora se nega a dizer o nome do patrocinador da equipe. Como o investimento no esporte não é tão grande, muitas equipes dependem de patrocínio para se manterem. Com isso, é comum que nos nomes das equipes apareça o nome do patrocinador. Vendo isso como propaganda gratuita, a tal emissora se recusa a dizer o nome da empresa, fazendo com que ela se sinta prejudicada e decida não patrocinar mais a equipe. Foi o que aconteceu com a equipe da Ulbra em meados de 2009/2010, que causou o rebaixamento do time no campeonato gaúcho.

Assim, mesmo caminhando com as próprias pernas e ainda sendo boicotado, o vôlei brasileiro se mantém no topo dos melhores do mundo. Não é sempre que vai vencer, pois existem outras equipes tão boas quanto e que talvez tenham até mais apoio em seus países. Mas nunca se deve menosprezar o vôlei brasileiro. Ainda precisa perder muitos campeonatos para começarmos a pensar que o caminho está errado. Mas por enquanto, todos os atletas e as atletas estão de parabéns, pois fazem deste o esporte mais vitorioso do Brasil!

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