Escolhemos errado?
No próximo sábado, começa para a Série A mais um Campeonato Brasileiro. Esta que é a sua décima edição disputada na fórmula de “pontos corridos.”
E como já é recorrente em discussões seja de amigos no bar, seja nas mesas redondas de programas esportivos, o tema “mata-mata” contra “pontos corridos” sempre gera polêmica e discórdia.
Um dos principais argumentos utilizados por quem defende o retorno do “mata-mata” à principal competição é a emoção que a “final” proporciona.
Ora, me parece impreciso dizer que a fórmula de disputa em “pontos corridos” não tem essa mesma emoção tão aclamada no outro modo de disputa.
Para tanto vamos a um exemplo bem recente; de ontem mesmo:
Um pouco antes das, em tese, emocionantes “finais” dos Estaduais aqui no Brasil, na Inglaterra acontecia a última rodada do campeonato nacional.
Na briga pelo título inglês, Manchester City e Manchester United chegaram na rodada derradeira empatados em pontos, porém o City levava vantagem no saldo de gols e por ter vencidos os dois jogos em confronto direto contra o rival. (1x6 e 1x0).
Para o Manchester City ser campeão, precisava apenas vencer seu jogo e nada mais.
Já para o Manchester United conquistasse o título, precisava vencer o seu jogo fora de casa e torcer empate ou derrota do City.
Os jogos aconteceram simultaneamente.
Pois bem, em certo momento dos jogos, o United vencia o Sunderland por 1x0, e o seu rival City perdia para o Queens Park Rangers, em casa, por 2x1.
Neste instante, enquanto os torcedores do City choravam um título que o clube não conquistava há 44 anos, a parte vermelha da cidade comemorava seu, até então, 20º título nacional.
Mas nem tudo estava decidido.
O City foi para cima, e numa reviravolta espetacular, marcou dois na prorrogação do jogo e foi campeão nacional após quase meio século de espera.
Sua torcida, descontrolada, invadiu o gramado e celebrou com os jogadores o doce sabor da conquista.
Enquanto isso, aqui no Brasil, em campeonatos com fórmulas mais variadas possíveis - porém com todas elas prevendo finais - tivemos jogos extremamente chatos e o mais importante, sem a emoção que uma final “vende”.
O que se deve discutir, a meu ver, em qualquer fórmula de disputa não é a emoção que ela pode trazer tampouco o lucro que ela vai gerar, mas sim a justiça e isonomia que ela vai coroar o mais competente durante toda a competição, e não apenas em um ou dois jogos.
Vejamos o caso do campeonato catarinense:
O Figueirense venceu os dois turnos e mesmo assim não foi considerado campeão estadual. Teve ainda que disputar mais dois jogos contra o Avaí.
Resultado: perdeu o primeiro jogo por 3x0 e o segundo por 2x1; sagrando-se assim o Avaí como campeão estadual deste ano.
Será que a emoção trazida aos torcedores do Figueirense nas duas finais, foi maior que emoção de ver seu time vencer dois turnos e ser campeão?
A fórmula de disputa em “pontos corridos” é sem dúvidas a mais justa.
E se a reclamação for por emoção, basta lembrar como foram decididos os três últimos campeonatos brasileiros; com o título disputado até a última rodada e com pelo menos dois clubes pleiteando sua conquista.
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